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Correção do post anterior.

abril 14, 2008

Onde se lê que a Sun fez uma cópia do Red Hat e vende um suporte chamado Unbreakable Linux, leia-se Oracle. Confundi as duas empresas ao falar sobre o Solaris.

De qualquer forma, minha análise sobre a decadência do Solaris da Sun já é até coisa velha, principalmente depois de Linus Torwalds desdenhar as possíveis melhorias para o Linux diante da abertura do código do Solaris (já existe o open solaris, mas nem tudo é aberto). Segundo ele, o Solaris tem muito em ganhar com o Linux, mas o Linux já passou por fases em que se beneficiaria disso, atualmente não existe mais essa situação.

Isso coloca mais uma grande empresa (a Oracle), com alta performance e expertise em desenvolvimento e  suporte na concorrência pelo suporte Linux, aumentando o calor na fervura do desenvolvimento e da ampliação do mercado de software livre.

Sobre o suposto colapso da Microsoft

abril 12, 2008

Luis Nassif publicou dois posts em dias seguidos que renderam uma boa discussão. Um sobre o “Maior Fracasso da Microsoft“, o Vista e outro sobre uma análise do Gartner sobre o “colapso da MS“.

Vou colocar aqui algumas considerações que fiz sobre os comentários lá e que mostram como andam 1) a confusão que ainda reina na cabeça de muita gente (mesmo os usuários mais antenados) e 2) o longo caminho que falta para esse colapso acontecer de verdade.

Vamos ao que eu escrevi no caso do maior fracasso da MS em resposta a alguns comentários e ao post em si:

trabalho com geoprocessamento. Não existe nenhum soft de geoprocessamento para Mac, que eu saiba tem um para Linux, o resto é só para windows. Vou sair do Windows pra quê?”

Não sei exatamente o que você chama de geoprocessamento, mas em Macaé, no tempo que trabalhei por lá tinha dois enormes armários, cada um com 16 processadores risk e 20 gigas de ram, ligados por um craylink, dedicado à pesquisa geológica, rodando AIX. Windows não roda nem de perto nesse tipo de hardware. Aliás, quem falou em 64 Bits 8 GB de RAM e coisitas desse tipo, até muito pouco tempo atrás só se desfrutava de máquinas desse calibre em Unix/Linux, MS nem chegava perto.

Quando se fala em supercomputação , clusters e escalabilidade DE VERDADE, só se fala em Linux. MS está anos luz atrás. Nem vem que não tem. Programas de produção gráfica para Linux existem, mas infelizmente são proprietários e chegam a custar quase 20 mil dólares uma licença. Grande estúdios de Hollywood são famosos por usar Linux customizado (ele dá essa liberdade a empresa) em plataforma powerpc para produção de efeitos gráficos. É, infelizmente a produção média que não existe: Adobe, autocad… ainda. Embora já tenha existido no passado.

Quem lembra do Corel Draw para Linux? Melhor, quem lembra do Corel Linux?

Quando a Corel ainda era referência em softwares de desktop, office e design, a MS sorrateiramente traçou um plano para impedir que a Corel continuasse a ter acesso aos códigos necessários para produzir uma versão de qualidade para o Windows 98. Foi aí que enquanto a Corel correu atrás depois do lançamento do sistema, a MS lascou o office, de todas as maneiras possíveis em todas as máquinas. Quando a Corel chegou o MS Office já tinha uma base instalada tão grande que ninguém mais deu bola, ainda mais com a facilidade da pirataria.

A Corel então lançou, não só Corel Draw e Office para Linux, como um Corel Linux que já vinha com tudo embarcado. Chegou a fazer onda, mas as contramedidas da microsoft, ameaçando o Corel Draw de não funcionar mais no Windows quase levaram a Corel a falência. Foi nessa tacada que a MS enfiou o office goela abaixo consolidando seu monopólio e a Corel deixou de ser ponta em design.

Agora a Adobe se aproxima do SL e só o faz por que a MS não é mais a mesma. Está longe de falir ou de ser um fracasso, mas seu monopólio já diminuiu em tamanho o suficiente para não ameaçar demais os outros. Não foi sem muita empresa boa falida e sem muito processo judicial pesado em cortes internacionais.

O aparecimento de aplicativos de design para Linux se dará na medida que o “ambiente” 😛 demandar. Não é deficiência do Linux em si e já estão dando atenção ao problema. As dificuldades que existem no caminho, fora as de mercado, já deu pra sentir.

Mais uma vez tive problemas com uma distribuição Linux … desta vez o Ubuntu na semana passada. Após uns dias viajando, ele pediu para atualizar uns 20932093020932MB de arquivos, como de costume… incluindo uma atualização do próprio sistema.

A opção de fazer o download em segundo plano e automaticamente sem perturbar o usuário estão bem evidentes nos ambientes que conheço (em boas distribuições): Gnome e KDE. Uma atualização que termina mal tem sido a marca da MS. Acontecer de vez em quando em qualquer SO é normal, acusar o Linux disso como uma marca de sua “imaturidade” é bobagem.

Isso é “cultura Windows”. Todo mundo sabe onde fica tudo no Windows. Óbvio existe uma curva de aprendizado. Mas, para quem nunca usou nenhum como acontece em massa no Brasil, essa cultura é sem sentido e se sustenta por preconceitos assim. E se reproduz em pirataria.

Muito poucos usuários sabem instalar e configurar o windows, mas os “técnicos” só sabem sobre ele, portanto, todo mundo que tem problemas, formata e tasca o piratão. O Linux e SL em geral estão mais do que prontos para o usuário final (para o administrador de grandes DB, grande processamento, segurança e ambientes de rede e serviços ele já é TOP há muito tempo. Google, por exemplo usa Ubuntu como desktop oficial, não por ser bonzinho, por que o sistema é bom!). Pra quem usa Office, internet, email, IM e coisas assim (99% dos negócios no centro do RJ, por exemplo) ou como lazer, media center, etc. está muito bem servido de sistema com um Kurumin ou Ubuntu, ou Fedora, Mandriva, etc. Não vou falar Debian, pois é mais queixo duro mesmo.

Alem da qualidade do Windows (sim, o Vista É melhor que o XP, mais seguro, mais estável, mas não compensa na relação custo/benefício nem contra o XP), o que o segura é a cultura há muito enraizada. Mais nada.

Realmente essa briga não é entre bonzinhos e mauzinhos, é entre consumidor e monopólios, ainda mais os que se perpetuam pela inércia da cultura.

Acho que ninguém quer o fim da MS, todos querem é mais concorrência, menos monopólio, mais alternativas, menos trancas proprietárias e mais controle sobre uma das principais interfaces atuais de acesso à cultura e informação: seu próprio computador.

Não se tem de reclamar do Linux por não ter Photoshop pra ele, mas com a Adobe por não fazer um. Assim se aumenta as possibilidades de liberdade de o usuário usar “o programa que quiser da marca que quiser”.

Existe, ainda bem, um número cada vez maior de usuários focados em usar, sem ficar pensando se os drivers e programas são livres, que querem apenas a alternativa viável. Se o fabricante fizer, vai ter demanda, pelo soft proprietário, em conjunto com o Livre (o que não significa grátis)!

Eu sou fotógrafo, sem o Vista ou XP estaria perdido. Quando um profissional como eu tiver diante de si ao menos 3 opções na hora de montar seu sistema (MS, Apple e Linux), quem ganha é a concorrência e, principalmente, os consumidores.

Agora o que escrevi também em resposta ao outro post “O ciclo do Windows” (e a alguns do comentários):

Por mais que isso pareça música aos meus ouvidos, acho que foram um pouco longe demais. Esses problemas existem (a falta de modularidade inclusive já foi descrita como uma das frentes em que o Windows 7 vai melhorar), inclusive sabe-se que é um proposta difícil, mas daí a essa situação de sinuca de bico vai uma distância. Colapso?

Primeiro que o ecosistema ainda está em pleno funcionamento e se realimentando (inclusive pela pirataria), em todos os ambientes em que se usa MS, mesmo nos servidores onde é minoria. Ainda que o caminho seja só de derrocada, ela vai durar muitos anos ainda.

Em segundo lugar, a mudança em toda a base instalada deve ser muuuuuito gradual (e pro bem da concorrência, não deve ser total), na medida do rompimento de paradigmas, melhor treinamento, e mudança de hábitos. Essas coisas levam tempo.

O que nós estamos vendo é a ponta do iceberg que já reduziu em muito o poder de intimidação da MS, vide a aproximação de outras grandes empresas e dela própria com o SL. As coisa começam a mudar, os defeitos estão mais claros, o FUD não faz mais tanto efeito, as pessoas vêem que existe outras opções, etc. muitos fatores estão andando juntos. Tanto em termos de usuário final quanto em termos corporativos.

O que se sente é a diferença do peso dos grilhões e uma certa euforia de liberdade. Ainda leva um tempo de muito trabalho duro.

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A razão disso é que precisariam não apenas escrever o código adaptado a uma determinada versão do Linux como tambem dar suporte à clientela tambem do sistema operacional

Quem dá suporte ao sistema é quem vendeu o sistema, ou melhor ainda no caso do Linux, contrate uma firma que o faça, Software Livre te dá essa liberdade.

O fato de existirem Linuxes gratuitos tão bons quanto os fornecidos pelas empresas (o que é desenvolvido para a grande empresa vai parar na distribuição independente e vice-versa) não quer dizer que seu negócio despreze o suporte profissional da mesma forma que o usuário pirata de Windows. Para quem vai montar uma estação de trabalho em empresa precisa suporte. Pra isso existem Novell, Red Hat, Mandriva, Canonical (o Ubuntu é grátis, versão Server completa e etc. Certificada IBM, Sun e etc. Mas suporte é pago, oras, vai ganhar dinheiro como?).

E pode baixar grátis o Debian, o Open Suse (Novell), Mandriva Free, Fedora (Red Hat), Ubuntu (Canonical) e contratar um dos trocentos negócios locais que poderiam crescer e ser alternativa de suporte (e de emprego, educação, etc…) de qualidade! Você também pode comprar sua licença Linux dessas empresas e desfrutar de suporte por um tempo e depois começar a pagar. Igualzinho à MS :P.

Se a empresa que te fornece o programa não fornece para Linux (e nem para o Vista), diga que vai pesquisar outra, daqui a pouco tem. Num determinado momento todo mundo vai ter de desembolsar para se manter num mercado de maior competição. Esse é um dos motivos pelo qual a análise do Gartner é meio eufórica demais da conta. Tem custo para um monte de gente essa transição de mercado, embora existam vantagens óbvias no futuro.

Algumas suites famosas já foram portadas e ficam no forno esperando, ou o momento de desafiar a MS na cara, ou a transferência desse serviço para a net de vez. Outras estão sendo suportadas no sistema, inclusive graças ao esforço do Google no Wine. Agora Photoshop CS2 é completamente compatível (pra quem usa comprado, isso é muito importante. Quem usa pirata: “- ah, o CS3 é tããão legal…” :P).

Aí pergunto porque empresas dessa área não adotam o Solaris que é um sistema não apenas muito estável e desenvolvido, mas tambem com um suporte digno daquilo que ele representa.”

Não sei de que área está falando, mas uma estação de trabalho Solaris? Pra que? pra desenvolver Java? O Solaris está morrendo, não tem funcionalidade nenhuma para o usuário. Nesse momento tenta emplacar um ambiente desktop Gnome (Linux) EXTREMAMENTE rudimentar. A Sun Copiou o Red Hat Enterprise retirando as partes com copyright (logomarcas) e vendendo suporte corporativo Linux chamado Unbreakable Linux (e se dando bem). Mais ainda, empresas Linux podem vender suporte para a distribuição concorrente. Isso é competição!
Suporte a Sun tem e do bom, cada vez mais para Linux :P. Mande um email e ganhe um DVD do Solaris de graça, junto com o Developer Tools, estão implorando para alguém usar)

Aí então desisti de comprar os servidores com Linux. Mandei pôr Win2003-64 na fábrica (Dell).”

Você comprou Servidores Dell com Linux embarcado? Que eu saiba servidores Dell com SL ainda vem é com CD do FreeDOS que é pra você poder dar o boot e depois instalar um Red Hat, no site tem (ou tinha) venda de suporte da Red Hat, por fora, agora terá com Ubuntu também. Comprou o Windows com suporte, poderia ter comprado o Linux mais barato com o mesmo suporte e uma distribuição com interoperabilidade garantida com Windows. A Novell, afinal, vendeu a alma pra isso, embora as outras o façam tão bem quanto. Inclusive as gratuitas.

Por fim…

Um capítulo a parte na história do FUD tem sido escrito pelos empresários que fazem parte do programa Computador para Todos e outros de incentivo do governo.

Qualquer um gostaria de utilizar uma tecnologia que diz ser melhor que o Windows, mas isso é, convenhamos, pura bobagem. Essa descoordenação que existe no Linux, sem um responsável, sem uma marketing, sem nada, jamais fará – na minha opinião de leigo – essa tecnologia ser levada a sério e aceita pelos usuários comuns.

A exigência do governo em que as empresas que fornecem software para esses programas sejam estabelecidas no Brasil e que prestem assistência aos compradores é até boa, ou razoável, mas a fiscalização do que é entregue ao consumidor é ridícula. A atenção sobre tal fato tem sido chamada por toda a comunidade brasileira de software livre há muito tempo.

Montaram um esquemão para enganar trouxa: nós, o programa, o governo. Ao invés de pegarem distribuições existentes, amplamente testadas, com farta comunidade (teriam metade do trabalho e é livre e legal faze-lo) e montarem um esquema personalizado de suporte, manutenção de drivers, etc, (poderiam deixar até o sistema ligado aos repositórios da distribuição original (em qualquer universidade brasileira tem hospedagem de distribuições), deixar a atualização correr por conta dos Debian, Fedora, Mandriva, Ubuntu da vida. Tudo! Não precisavam fazer nada.

Fizeram o pior. Criaram essas coisas que ninguém nunca ouviu falar, feitas para não funcionar, e deixam o consumidor à míngua. É feito para o cara comprar o piratão mesmo. Eles sabem que não dá em nada enganar o consumidor, pouca gente reclama, é difícil, demorado e trabalhoso reclamar, etc.

Coisas como Fênix, Insigne, e outras distribuições inventadas para dar boot, e fingir que funciona, são assim por que o esquemão foi desenhado assim, desleixadamente, por quem não entende. É para enganar mesmo. É para vender a máquina fingindo que tem um sistema com tudo que o governo pediu, Office, Internet, etc. e se quiser botar piratão, melhor pra eles que ainda não precisam dar suporte ou garantia. As centrais de suporte desses fabricantes estão vazias, e foi pra isso mesmo que projetaram esses Linux de quinta.

Gente, me acreditem, a coisa mais fácil do mundo é fazer uma distribuição personalizada baseada em algum Linux de primeira. Tem programinhas que fazem isso. Aqui, um grande golpe no consumidor virou uma das maiores estratégias do FUD de que se tem notícia no mundo.

Como vocês vêem, o caminho é muito longo para esse “suposto” colapso. A mudança cultural (até com respeito ao direito do consumidor) é demorada demais. A confusão conceitual na cabeça das pessoas ainda é muito grande com relação à “desorganização” do Linux. Idéia errada, superficial, o monopólio deixa a marca simbólica da “unificação” da “ordem” e da “organização” que são demoradas para mudar e difíceis de explicar. Trabalho de formiguinha

Nassif, você ainda me transforma num erudito de tanto me fazer escrever!!! 😛